quarta-feira, 30 de novembro de 2016

Voltando a lucubrar... Há cerca de 1 mês, no Fórum local, me deparei com um caso de uma jovem de 22 anos cobrando pensão alimentícia do pai de sua filha, que já contava 09 anos.
Ele apenas reconheceu a paternidade através de ação de investigação, mas mudou para São Paulo e a família ocultava o seu endereço.
O caso era da Defensoria, mas a avó dessa garota de 9 anos, já foi cuidadora em um Lar de Idosos no qual sou assessor jurídico voluntário, e acabamos conversando, aonde ela me forneceu as informações.
Aprofundando no caso, descobri que o "pai" não apenas não pagava pensão alimentícia, desde o resultado positivo do exame, como também, estuprou a mãe dessa criança quando ela ainda tinha 13 anos. Ela engravidou e não abortou (mesmo podendo).
Não obstante não receber pensão alimentícia, ter uma filha fruto de um ato de extrema violência, a avó e a filha de 13 anos, à época, resolveram pela gravidez e criação do bebê.
No dia ela me relatou que a coisa melhor em sua vida foi a sua neta e que a mãe, hoje casada e com mais um filho, enfrentou problemas pela tenra idade, não pelo fato de ter uma filha vítima de estupro.
Pois bem. Esqueçamos o estuprador, viabilizei para que ela fosse atendida pelo representante do MP, seja na ação penal, seja na ação de cumprimento da sentença de alimentos.
Fico imaginando o desfecho de tudo, com o aborto do ser fecundado. A avó da garota já possui um filho envolvido com o tráfico, possui outro especial, uma com 28 anos e essa, vítima de estupro que conta hoje com 22 anos.
A criança talvez a tenha salvado do mundo das drogas, que dilacera vidas no bairro periférico em que vive. O ato brutal do estupro foi superado, ela foi uma felizarda. Mas, além do ato brutal do estupro, ainda submeter-se ao ato brutal e violento do aborto, não seria tão dantesco quanto?
Mesmo sem orientação, sem apoio psicológico, sem qualquer estrutura, a mínima que seja, essa jovem conseguiu criar a filha e hoje trabalha, estuda e é casada com mais um filho. O mal não derrotou o bem e a história, ao menos para essas personagens, desenha um caminho e quiça, um final feliz.